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o cosmo ou gramado forever

Atualizado: 21 de out. de 2020

- por bebê baumgarten -

Não vi os lugares cósmicos de Gramado. O mais parecido com óvnis que vi foram dois aviões brancos muito perto um do outro, num voo um tanto suspeito. Estive naquela cidade por um tempo interminável e voltei com a certeza de que o durante é sempre muito diferente do depois.

Foram dias de intempéries. Uma hora África, na hora seguinte Sibéria. Chovia, ventava, vinha a neblina, que em minutos cobria a cidade, e depois o sol chegava rachando. Tudo isso em poucos pares de horas, o que me trouxe a sensação de que estar nas extremas temperaturas em tão curto espaço de tempo tem algo a ver com as velas da cidade vizinha, Canela, colocadas ora na parafina quente, ora na água fria, até amolecerem o suficiente para serem esculpidas, virando, assim, obras de arte.

Mas foi lá, no silêncio da minha casa na Várzea Grande, que os grandes eventos climáticos aconteceram. Lá, no nascer do sol na janela, no cheiro de mato e na vida mansa e bucólica do bairro é que os extraterrestres vinham tomar um amigável chá da tarde. De onde vieram não me pergunte, mas o fato é que estavam comigo quando vi o escuro da Cidade Luz e também quando andei por aquela estrada que parecia ter duzentos quilômetros, perdida na noite fria. Estiveram comigo nos dias felizes, nos dias mudos, nos dias de festa, nos dias de despedidas.

Hoje, quando abri minha janela pouco antes de partir e aquele cheiro doce de vida me inundou logo nos primeiros raios de sol, descobri que eu não fui ver os lugares cósmicos e os discos voadores de Gramado, mas eles tinham cumprido seu papel.

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