- taiasmin ohnmacht -
Olhou para o céu e viu uma estrela cadente. Não havia pedidos a serem feitos. Lembrou o jornal da noite anterior. Vários meteoros se aproximariam da terra. O mundo segue seu próprio script, não se interessa pelos dramas humanos.
Precisava andar até o carro e o ar da noite era congelante, mesmo tão bem agasalhada sentia a aragem cortar suas bochechas. Lembrou-se do quarto quente que acabara de deixar. Queria voltar, queria partir. Já sentia saudade do cheiro dela em seu corpo. Tomou um banho quente antes de deixar o apartamento e o sabonete roubou-lhe os restos da paixão. Se retornasse, a encontraria disposta a amá-la mais uma vez? Nada disso interessava, pois tinha outro destino, mesmo sabendo que o único olhar que importa é o de desejo.
Arrancou o carro com a determinação dos que não pensam, seguindo apenas o caminho já traçado. Não havia arrependimentos, nem pelo quarto deixado, nem pela estrada escolhida, só a vaga sensação de que a vida é mais complexa do que lhe ensinaram um dia.
Abriu a porta para a acolhida de seu lar. Os filhos pequenos a receberam em festa. Com um no colo e o outro segurando sua perna, foi até a sala e cumprimentou seu marido com o beijo rápido dos conviventes de longa data.
- Eu fiz janta. Comeu fora ou aqueço a comida?
foto ©malu baumgarten
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